Aos 65 anos, Claudia Alencar impressiona e diz que tem o mesmo corpo de quando tinha 24

Atriz lembra sua personagem em Fera Ferida: “beijo os pés do Aguinaldo Silva”

por Duh Secco

Atriz como Perla Menescal em Fera Ferida (1993) e, do lado esquerdo, em 2015, aos 65 anos

No ar no VIVA, em "Fera Ferida" (1993), ela já suscitou o falatório dos tubiacangueses e tem marcado presença nos devaneios de Etevaldo (Pedro Vasconcellos). Nesta semana, no entanto, Perla Menescaldesembarca, esfuziante, na trama. Para saber mais sobre a figura que promete incendiar a cidadezinha, fomos atrás de Claudia Alencar. Ainda mais bonita hoje, ela comenta seus projetos atuais, seu amor pelo autor, Aguinaldo Silva, o prazer de atuar com José Wilker e os desafios de dividir a cena com Susana Vieira. Também, o segredo de sua boa forma e o afeto dos fãs, que pedem: “Cláudia, te queremos! Precisamos de você!”.

Claudia Alencar esbanja juventude durante ensaio fotográfico em 2011                (Foto: Priscila Prado)

- O que podemos esperar de Perla Menescal, sua personagem em Fera Ferida?

Eu criei Perla Menescal inspirada nas pin-ups da década de 50. Como ela não tinha mais trabalho, “atuava” na vida, dei a ela um comportamento teatral, over-sex! A Perla sofreu uma grande reviravolta durante a trama. Começava-se a colocar nas novelas mulheres maduras namorando garotões e a trama dela ia gerar em cima disso, ponto e basta. Mas a Perla agradou o público e começou a disputar o prefeito com a amante. A trama ficou mais engraçada, rica e apimentada! Ela acaba se casando com o prefeito, tendo um filho com ele. Nem Perla imaginaria ter tanta “sorte” em sua vida!

Trabalhar com a Susana (Vieira) foi um desafio muito grande"

Claudia Alencar

- Quais suas lembranças mais fortes dos bastidores da novela e do convívio com profissionais como José Wilker (Demóstenes) e Susana Vieira (Rubra Rosa)?

Wilker era um cavalheiro. Respeitava minha criação e atuava com grande amor e garra ao meu lado. Fizemos um casal amoroso e engraçado. Adorável trabalhar com ele! Foi como uma partida de pingue-pongue com um mestre: você dá a cortada, ele responde, você rebate e assim temos um magnífico jogo. Eu entrei com quatro meses de novela no ar, já com grande sucesso. Minha presença na novela era para continuar essa ascendência... Trabalhar com a Susana foi um desafio muito grande, depois que a Perla começou a disputar Demóstenes com Rubra Rosa. Mas os desafios são excelentes, te dão mais fibra emocional e criativa. No final, casei com o prefeito e tive um filho. Na sinopse, era Rubra quem deveria se casar com ele - mas ela segue como amante. Impossível controlar a vida e a arte. Elas estão mais certas que nossa vã filosofia.

Claudia Alencar como Perla Menescal na novela "Fera Ferida" em 1993

- Fera Ferida representa mais uma parceria sua com o autor Aguinaldo Silva. Qual a importância do novelista em sua carreira?

Beijo os pés do Aguinaldo! Ele está sempre aberto às invenções dos atores, atento a mim, como criadora, ao lado dele. Tanto que a Perla teve outro rumo na novela! Em Porto dos Milagres eu entrei para fazer trinta capítulos, morri no centésimo e retornei como fantasma, no 110, para no final matar a vilã. Aguinaldo é atento à criação do ator de uma maneira tão sensível que me arrepia. Formamos uma parceria sem nos falarmos, só através da criação.

- Perla Menescal ficou marcada pelo excelente tema que embalava seu romance com Etevaldo (Pedro Vasconcellos), Garotos II - O Outro Lado, do Leoni. De que forma a música auxilia no trabalho de composição do ator?

A música é nossa outra perna! (risos). Ela nos ajuda a andar com mais graciosidade com a personagem, a embala e a faz crescer. Essa música foi marcante demais! Tanto é que, quando passo na rua, a ouço cantada pelos fãs. Uma delícia, para nós todos!

Além de atriz, ela também é designer de joias, artista plástica, poeta e palestrante

- Este ano, você participou da minissérie "Felizes Para Sempre?". Quando a teremos de volta à TV?

Espero que em breve! Estou conversando com autores, esperando um papel adequado a mim. Nós atores não comandamos a escalação; pelo menos eu não comando! (risos). Espero que em breve eu volte, pois vejo que o público sente minha falta, sente falta da minha maneira de abordar a personagem. Como eles me dizem - Cláudia, te queremos! Precisamos de você! - e eu deles.

Sou designer de joias, artista plástica, poeta, palestrante, dou workshops para atores profissionais. Preciso estar criando para me sentir viva!"

- Você tem se dedicado bastante à literatura, tendo inclusive lançado um livro recentemente. Poderia nos falar mais sobre esse projeto?

Quando não atuo eu crio em alguma área. Sou designer de joias, artista plástica, poeta, palestrante, dou workshops para atores profissionais. Preciso estar criando para me sentir viva! Eita, VIVA (esse nome é um achado)! Escrevo todos os dias; três páginas diárias. Reflexões sobre a existência. Desenho para o meu deleite. E leio muito todos os dias sobre saúde, espiritualidade, sociologia e agora mais sobre o processo feminino. Tenho uma exposição fotográfica de arte clicada por um dos maiores fotógrafos do VOGUE europeia, J. C. Bergamo, sobre “A Nova Mulher do Século 21”, uma tese que criei. Faço palestras tendo as fotos como exemplo da fibra da nova mulher. São 34 fotos de mulheres expoentes da humanidade, um livro de arte com 19 lâminas deles e um vídeo de 15 minutos onde elas ganham vida. Estou em fase de captação para a exposição. Captando patrocínio também para minha peça de teatro, “A Filosofia das Damas”, do século 17, onde duas mulheres falam sobre sexo. Texto magnífico e inédito no Brasil!

Atualmente, ela dá palestra sobre rejuvenescimento celular, pratica yoga e musculação

Ainda tenho o mesmo corpo dos meus 24 anos. Meu vestido de noiva me cabe até hoje"

- Você está ainda mais bonita hoje do que em 1993. Qual o segredo de beleza de Claudia Alencar?

Eita, muito obrigada! O amadurecimento é a estrada da juventude. A mente comanda nosso andar sem ansiedade. Ainda temos medos, mas a maturidade nos coloca no prumo, rapidamente. Sempre vamos cair, mas levantar como um foguete; é isso que aprendo, mais e mais. Sei um pouco mais quem eu sou, meus limites, minha força e tenho um controle maior das emoções. Gosto muito de mim, de estar comigo, cantar na rua, dançar, me inebriar com nossa terra mãe. Sou cada vez mais apaixonada pela vida. Isso tudo acaba com o estresse, fonte de envelhecimento. Quando jovens sofremos muito para conquistar nosso espaço que, na verdade, nunca está conquistado; agora, já sabemos disso. Sou consciente da minha alimentação, dou palestra sobre rejuvenescimento celular, tenho prazer de fazer yoga, musculação e bike. Ainda tenho o mesmo corpo dos meus 24 anos. Meu vestido de noiva me cabe até hoje, ou seja, meu corpo não sofreu grandes mudanças. Jamais vou fazer aquela propaganda de “antes e depois”! (risos). Estamos vivendo novos tempos. Amadurecemos e continuamos jovens. Envelhecer é para raro e poucos; nunca para nós, poetas, artistas e loucos.

Claudia Alencar em um recente ensaio fotográfico (Foto: J. C. Bergamo )