Vítima de estupro coletivo diz: "Não dói o útero, dói na alma"


A vítima do estupro coletivo na Praça Seca, na Zona Oeste do Rio, tem febre e sente muitas dores nesta sexta-feira, segundo a avó. De acordo com ela, a menina de 16 anos está em casa com os pais, e toda a família sente os reflexos da barbaridade do crime:

— A mãe dela teve crises de pânico, está completamente abalada. Minha neta está nervosa e muito mal, sentindo muita dor.

A avó também explicou porque a menina não procurou a polícia para denunciar o crime em um primeiro momento:

— Ela é muito nova, não soube como reagir e nem pensou em denunciar.

Também de acordo com ela, a própria família teve medo de represálias caso procurasse a polícia. A avó espera a prisão dos envolvidos:

— Eu sou uma pessoa esperançosa e penso que tudo se resolva em breve.

Mais cedo, a advogada Eloisa Samy Santiago também disse que a jovem está mais agitada nesta sexta-feira e disse que ela deve receber o apoio de uma psicóloga nesta tarde:

— Ela está muito nervosa, a ficha caiu sobre a gravidade do que aconteceu.

Na quinta-feira, a vítima recebeu a visita de amigas próximas e da prima. A adolescente também usou uma rede social, em que agradeceu o apoio que recebe. A vítima chegou a dizer que pensou que seria julgada mal e acrescentou: “Todas podemos um dia passar por isso. Não, não dói o útero e sim a alma por existirem pessoas cruéis sendo impunes”.

OAB divulga nota de repúdio

Nesta sexta-feira, a Ordem dos Advogados do Brasil se manifestou sobre o assunto. Na nota, são citados os recentes episódios de estupro ocorridos no Piauí, em 20 de maio, e no Rio de Janeiro, no último dia 21. A nota conjunta do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e a Comissão Nacional da Mulher Advogada (CNMA) destaca que os cados evidenciam a “necessidade de punições rígidas contra a violência de gênero, que possui números alarmantes no Brasil”.

Vídeo circula nas redes sociais

Em um vídeo que circula nas redes sociais, a garota aparece nua e desacordada após uma sessão de estupro. As investigações são realizadas pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI).

Nas imagens, dois homens exibem a jovem: “Essa aqui, mais de 30 engravidou. Entendeu ou não entendeu?”, diz um dos homens na filmagem.

Os homens também exibem o órgão genital da jovem ainda sagrando. “Olha como que tá (sic). Sangrando. Olha onde o trem passou. Onde o trem bala passou de marreta” , diz o outro agressor, orgulhoso.

Jovem foi vítima de estupro coletivo no Rio
Jovem foi vítima de estupro coletivo no Rio Foto: Reprodução das redes sociais

O caso ganhou repercussão pelo Twitter após os agressores divulgarem as imagens na internet. Além do vídeo, há pelo menos uma foto de um homem a frente do corpo nu da jovem. O perfil de um dos homens que postaram as imagens foi apagado.

A avó da jovem que foi estuprada por 33 homens revelou que o motivo do crime seria vingança do namorado. De acordo com a avó, a menina contou que ele cometeu o crime porque achava que havia sido traído.

Atos em três capitais


O caso ganhou repercussão nacional e internacional, e manifestações estão sendo marcadas pela população. Nesta sexta-feira, o ato “Não ao Estupro” será em frente à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), às 18h. Mais de 4.700 pessoas confirmaram presença em um evento pelo Facebook.
Na próxima quarta-feira, as manifestações “Por todas elas” serão nas ruas de três capitais: Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Os eventos estão marcados para as 16h do dia 1º de junho. No Rio, são esperadas mais de 15 mil pessoas — que confirmaram presença em evento no Facebook — na Cinelândia, no centro do Rio. Outros 17 mil internautas também demonstram interesse na manifestação.
Em São Paulo, o grupo se reunirá na Avenida Paulista, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). Mais de 17 mil pessoas confirmaram presença e mais 19 mil mostraram interesse no ato. Em Belo Horizonte, mais de 3.800 pessoas pretendem se reunir na Praça Sete de Setembro.


Fonte: Extra
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