Polícia Federal diz que banda Aviões do Forró está envolvida em sonegação de R$ 500 milhões em impostos


Os 44 mandados de busca e apreensão e 32 de conduções coercitivas da operação da Polícia e Receita Federais nesta terça-feira, no Ceará, envolvem artistas, bandas, empresários e empresas do mundo do entretenimento. Há suspeitas de sonegação de até R$ 500 milhões.

Apesar do nome, a operação, denominada For All (para todos, ou origem de "forró"), não vai atingir apenas a artistas forrozeiros, mas de todas os estilos). A operação é só o topo do iceberg de outra investigação, antecipada pelo UOL em julho.

As chamadas "inconsistências" na declaração de Imposto de Renda de muitos artistas e seus empresários e representantes (pessoas físicas ou jurídicas) já chamam atenção de auditores da Receita há anos.

Nesta terça, a banda Aviões do Forró foi um dos alvos da operação. Mas ela aparentemente é só um dos "peixes". É comandada por apenas um dos grupos empresariais dentro do "establishment" que controla a música comercial e shows no país.

Sol e Xand, vocalistas e sócios da banda, foram levados coercitivamente por agentes da PF para prestar depoimento. Outros sócios e ex-representantes da banda também estão sendo ouvidos.

No início da tarde desta terça, a assessoria da banda divulgou nota na qual informa estar "à disposição das autoridades" para todos os esclarecimentos necessários.

Segundo a delegada Dora Lúcia Oliveira de Souza, até o momento, foram apreendidos R$ 600 mil em dinheiro, 69 veículos e bloqueados 163 imóveis de pessoas ligadas ao grupo empresarial. "As buscas ainda não estão concluídas", frisou ela, informando também que Xand e Solange Almeida, vocalistas da banda Aviões do Forró, já prestaram depoimento. "Eles foram ouvidos, mas foram só esclarecimentos. Vale ressaltar que foi apenas um termo de declaração", disse.

De acordo com a delegada, a investigação avaliou o período entre 2012 e 2014. "Só com as bandas, com shows, houve uma omissão de rendimentos tributados na casa dos R$ 120 milhões. Isso exclui vendas de CDs, cotas de patrocínio e ganhos com publicidade. Se contar com todas as empresas, temos uma omissão na ordem de R$ 500 milhões. Esse é um número inicial", contou. "Essa operação é um trabalho expressivo. Ela vai buscar a corrupção não só onde estamos acostumados a ver, como na política."


MONOPÓLIO MUSICAL

Quase todos os artistas do chamado "topo" comercial estão nas mãos de menos de 10 empresários em todo o Brasil, que dividiram o país em seus feudos. Qualquer artista famoso que quiser ser contratado para grandes eventos tem de passar por eles, como a um pedágio. Isso vale tanto para shows públicos como em casas noturnas e ou privadas.

Segundo fontes da Receita ouvidas por esta coluna na manhã desta terça, no caso da Aviões ou havia documentação insuficiente ou, pior,  inexistente de vários shows (representantes da banda ainda não se manifestaram).

Os valores declarados pela banda a recebedores não se confirmavam, além de uma infinidade de outras irregularidades. Há muitas outras bandas na mesma situação.

Para os especialistas da Receita, nos últimos meses surgiu o desenho de um grande esquema de corrupção, que promove lavagem e sonegação por meio da música popular brasileira.

A investigação da operação For All hoje ataca os coniventes com a sonegação. Afinal, se há empresários desonestos que querem driblar o Fisco, antes de mais nada há artistas dispostos a trocar sua suposta arte pela mania de levar vantagem em tudo. É o famoso jeitinho brasileiro.

Fonte: Ego / G1
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